Aviões



Um vestido rosa, uma mulher alta. Um homem que dança todo esquisito e feliz olhando gozando a platéia que foi ali pra ver o que ele é capaz de provocar. O êxtase da música, a alegria do samba, o cantar delicado da guitarra e a batida dura do baixo ecoando em meu peito. Todo som modificando cada pedaço do meu corpo, pés se movendo pra cima pra baixo pra frente pra cima. Os olhos se fechando no gozo do estar junto olham pra cima e vêem um avião imenso.

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Um amigo com uma garota de programa encontra outra. Entra num hotel barato e ouve aviões decolando. A geladeira velha treme. As fotos velhas tremem. Os três corpos em ballet e Lexotan tremem com o decolar das máquinas.

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A TV preto e branco, músicas estranhas e um avião cortando a tela. Kubrick corta a tela e me corta. Onde olho vejo livros de homens que queriam voar e um homem embaixo de mim sorri.

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Aviões que decolam e se arrebentam na parede. Um desenho ocupa metade da parede, um avião bobo. O menino de mãos firmes em minhas costas desenha imagens de asas.