(sem voz e sem título)


Não sei se é o calor, o humor meio estranho ou esta chuva que não pára que me deixaram assim, meio melancólica-quero-ser-poeta-ou-atriz. Nunca escrevi coisa que prestasse, nem durante os anos dourados da juventude, e minha voz não aguentava três horas de palco. Então a gente bloga, pra não falar sozinha.

Eu estou com muito medo deste fim de juventude chegando. Vejo todos tendo filhos e se casando, e este modelo não está funcionando pra mim. Todas as minhas grandes amigas se casaram, têm seus bebês ou já os encomendaram. Primas, primos, todos já estão casados (há anos). Meu irmão mais novo marcou a data. Os meninos que conheci (namorados, casos, ex de alguma forma): esmagadora maioria é pai, casado, drogado, mora junto. Não ao mesmo tempo.

Eu simplesmente não tenho vontade fazer nada disso. Não há ninguém que eu queira dividir a vida, e olha que não sou assim egoísta ou anti social. Eu gosto das pessoas, mas não amo ninguém. É simples assim: faz tempo demais que não amo ninguém. Nem uma pessoinha. Nada.

Eu não sei se já cheguei naquela crise de mulher perto dos 30, mesmo porque ainda faltam 4 anos, mas alguma crise boba se instalou. Estou com uma vontade imensa de fugir de qualquer pessoa que eu não conheça encostando a mão no meu cabelo. Não quero desperdiçar minha atenção, minha boca e meus ouvidos com ninguém que eu não vá lembrar do nome amanhã. Acho que fechei para balanço. Será que é assim que voltamos a amar as pessoas?

As não-resoluções de ano bom


Coisa mais antiga essa de chamar o ano que muda no calendário de "ano bom". Mas é bem assim que ele está gravado na minha memória: ué, se é novo, se temos tantos fogos de artifício, se quase nos matamos pra chegar à praia e molhar os pés, se dá para recomeçar, então tem que ser bom.

Eu não acredito muito em recomeço, mas em algumas mudanças pequenas que fazemos todos os dias e que ao final de um ciclo podem ser contadas como algo que foi realizado. Este ano realizei uma montanha de pequenas coisas que deram um resultado gostoso.

A melhor coisa de todas é que me acostumei com esta mega cidade que vivo, e passei a tirar algum proveito dela. Aprendi a sair sozinha e a ir ao cinema à toa sem consultar a programação (afinal, os nomes de diretores não me dizem muito... mal consigo me lembrar do nome dos filmes). Eu não fiquei solitária na megalópole como imaginei que fosse ser depois de alguns anos. SP é completamente receptiva aos imigrantes, e quase todos que conheci são exatamente como eu: viajantes. Alguns estão tentando achar parada. Outros, como eu, estão se dando ainda outra chance de se saber quem é.

Primeira e única resolução: depois deste trabalho todo, já não vejo a hora de recomeçar minha viagem e partir.

"Mas o que é trair? Trair é sair da ordem. E Sabina não conhece nada mais belo
que sair da ordem e partir para o desconhecido." (M. K.)