Olhos no horizonte

Hoje um senhor gordo e de chapéu me abordou no ônibus.

- Que malas são estas, menina?
- Estou indo embora, senhor.
- Como se chama?
- Carolina.
- Nome de avó italiana. Não fique triste com a partida!

Eu sempre estou de partida, e isso não significa que seja muito fácil. Ainda não me acostumei a perder tantas pessoas pelo caminho.

Ontem, dia de festa, eu olhava a minha mesa e só via gente que eu nunca mais vou ver. Gente que me ajudou a suportar a chatice de São José, os dias difíceis de chuva e 10h de empresa.

Gente como o Maurício de Blumenau, cozinheiro dos bons, que andava horas comigo conversando e afastando a solidão dos fins de tarde. Ou Paulinha, menina de cabelos pretos com cara de criança, linda, com tanta vida nos olhos e tanta delicadeza no trato. Os paranaenses: Fran, amorosíssimo, companheiro e Juliano, carinhoso, presente, ouvinte dos melhores. Van, sempre animada na mesa do bar. Eloá, amiga de fora da empresa. Minha equipe toda, tão agradável o tempo que passamos juntos.

Eu gosto de dizer isso, e digo sempre: quem levamos conosco são todos, dentro de nós.

No fim, é preciso manter os olhos no horizonte.

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