Homeopatia



Eu sempre escrevo sobre falar a verdade, e nunca falo. Eu engulo a verdade em forma de fumaça e arroz. Uma pessoa segura de dar raiva, passando por cima de tudo, que não precisa de ninguém. Eu saí de casa cedo, eu beijei cedo, eu moro sozinha num lugar meu, que eu pago, eu mudo muito de lugar, não sou apegada ao que passou. Eis a imagem que deixo solta por aí: não, não preciso de mais ninguém.

Quando era criança, e ficava doente, queria fazer meu próprio suco de laranja. Eu lembrava de tomar os remédios no horário certinho.

- Filha, já tomou o remédio?
- Claro, mãe.

Eu nunca digo o que sinto. Frases que nunca saem de minha boca: eu estou triste com você, eu não estou te entendendo, eu estou com raiva, eu me sinto mal, eu me sinto descartável.

Hoje um grande amigo me disse que preciso dizer o que sinto, e parar de engulir as verdades. Eu vou começar dizendo então: esta cidade tá chata. Eu adoro morar sozinha, porque me dá paz e liberdade. Mas eu sinto falta de gente atrapalhando minha rotina e acordando aqui. Eu detesto relacionamentos homeopáticos, daqueles que vêm e vão quando bem entendem. Eu gostaria de poder errar de vez em quando, e não ser o fim do mundo. Eu não tenho medo das pessoas, eu gosto delas. Eu abro a minha vida facilmente para que seja ocupada.

Eu só não entendo onde está a delicadeza. A minha, está bem viva sempre. Mesmo que eu não fale dela.

3 comentários:

Identidades Fragmentadas disse...

Diria você que a habilidade de expressão vem das leituras?
Deus meu, que texto mais intrinseco. Parabéns!
Identidades Fragmentadas!

Identidades Fragmentadas disse...

Ainda que saiba que textos devem ser desenvolvidos com começo, meio e fim, há dias que não quero que eles sigam esta regra de produção textual, rs.
Leia um post meu intitulado "Chasing Liberty" e diga o que acha, hpa começo, meio e fim nele?
Abraço, e valeu pela dica,
Identidades Fragmentadas

Anônimo disse...

Passei pra deixar um beijo,
:*

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