Sono

Hoje debaixo daquela árvore imensa, deitada com as pernas cozinhando ao sol, mãos cobrindos os olhos, ouvi pertinho uma sequencia bonita de notas. Não abri os olhos
imediatamente: adivinhei.

Os músicos todos que me desculpem, mas trompete ainda continua sendo o instrumento mais bonito que conheço. O moço ensaiava ao sol, a partitura na estante voando, uma cara concentrada. Ao longe, uma guitarra acústica soava brasileira. E eu me ajeitei no banco, pus a mochila embaixo da cabeça, deitei e dormi um sono de anos.

Enquanto dormia, sonhava que as folhas que caiam sobre mim eram bençãos e que aquele trompete ali era a forma de deus existir e me lembrar que nada, nada tem importância maior que estar viva. E pronto.

Só por hoje, nada, nada tem qualquer importância. Eu sorrio sonhando e o trompete toca até o fim dos tempos. Acordo e faço uma lindissíma tarde de inverno nascer em mim.

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