Quando eu tinha uns 15 anos, conheci um paulistano. Ele ia e vinha pra minha cidade, visitava nossa chácara aos fins de semana, e eu não entendia como alguém que morava na melhor cidade do mundo era capaz de abandoná-la justamente aos sábados e domingos, quando tudo acontecia na minha cabeça.
Meu sonho era morar lá. Eu imaginava a paulicéia um lugar com muitas luzes, helicópteros e música, carros e aviões, pessoas indo e vindo, de gravata, correndo na calçada larga da Paulista.
Eu cheguei aqui sem colchão, amparada por um amor, e me instalei em casa desconhecida. Fiquei sem emprego, sem dinheiro, com tantas dúvidas que teve momentos que pensei em correr de voltar os cem quilômetros que me separavam do meu antigo ninho.
O medo inicial cedeu lugar ao amor pela cidade. Andar por estas ruas, rir dos prédios altos, conhecer as esquinas, bares, cinemas e construções, ver gente maluca o tempo todo, endoidada pela cidade estranha e bela, me fez amá-la como um amor novo, delicado, que aos poucos te faz parar de se sentir sozinha no mundo.
São Paulo é mais encantadora do que meus sonhos pintavam, e a minha vontade de ficar é imensamente maior. Ela me cerca, me circunda e me conforma. Estar sozinha é impossível aqui: os carros, pessoas e coisas te acompanham, e graças a deus muitos amigos também.
Foi a chuva e uma lembrança me fizeram vir aqui escrever: Menina, você tem que namorar-se. Eu me namoro e namoro a cidade nesta noite bonita e chuvosa.
1 comentários:
Adorei a homenagem :-)
Naquela época eu ainda näo tinha estabelecido todos os potenciais laços com a cidade! Hoje realmente é muito mais difícil pra eu sair daqui! Inclusive quanto viajo a trabalho fico rapidamente com vontade de voltar. Virei um bairrista praticamente e sei que preciso aprender a me desprender da toca pra ser mais feliz!
Beijão e até sábado!
Postar um comentário