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A conversa corria fluida como sempre no ônibus da tarde de sexta-feira. Naquele horário existe uma excitação no ar por causa do fim de semana, da juventude e da vida que aguça os sentidos todos. De repente, nossa criança corre pelo veículo todo imitando o homem-aranha. Era o primeiro sinal de que o motorista havia parado o carro, e não se moveria pela próxima meia hora.

Cansados, uma ou duas palavras e descemos em bando no meio da rua. Nossa amiga carregava um tronco de madeira pintado, enorme. Êta presente besta pra enfiar numa mochila, em uma tarde quente de São Paulo. Vamos pegar um ônibus, ou trem, ou carro que valha! A risada corria alta entre os carros.

Quanta ironia chegar na marginal a pé e perceber que a única coisa que poderia andar ali éramos nós. Os carros continuavam parados como noite sem vento, e as buzinas já com vida própria ainda se comunicavam.

No caminho rumo a algo que fizesse algum sentido para nós, uma rua, uma pessoa, uma escola conhecida, muita confusão. Parei embaixo de uma ponte para ver uma bandeira gigante do Pavilhão 9 sendo balançada por meninos cantores. Tratores gigantescos para trabalhos herculanos e outros pequenos como brinquedos compunham a paisagem surrealista ao lado dos carros retorcidos e moto destruída no chão. Mais e mais gente se amontoava pelas grades, pontes e janelas de coletivos.

O som ligado alto em um funk qualquer, e a confraternização presente em todas as tragédias. Diante de tanta banalização, mais um motoqueiro morto sobe ao céu, mas de helicóptero vermelho e anjos de arma na cintura.

1 comentários:

Anônimo disse...

Tive que chorar...não sei de saudade ou por ser simplesmente a tua mãe!
Embora inexperiente mas com muita vontade de ser a melhor mãe do mundo!!!!
Te amo ...por tantos motivos!
Obrigado por vc ter me escolhido para ser tua mãe!!!

Momy!

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