Pés arqueados



A natureza tem uma força impressionante. Ela regenera, recupera, retoma o curso da vida das pessoas, nos reconecta com nossas verdades. Guimarães Rosa disse no seu Sertão que mais feliz era alguém que vivia perto de água. Perto de terra areia água pedra e gente, eu diria se pudesse acrescentar.

As pessoas nascem com os corpos prontos para serem moldados pela natureza. Nossos cabelos foram feitos para nos proteger, as mãos calejam pelo agarrar nos troncos, as pernas se atrofiam delicadamente para que possamos subir em pedras e correr em direção à água. As mãos formam conchas perfeitas e os pés se arqueiam para nos dar o equilíbrio que falta.

Quando corremos, a tensão que produzimos nos dá vontade sorrir. O corpo responde feliz quando acostumado desde cedo a ser natural. O ritmo do coração e da respiração também marcam compassos naturais que nos fazem músicos a todos. Fumamos as plantas que estão disponíveis e criamos o fogo que é necessário. Comemos frutas que caem. Simples. Completo.

Tudo isso existe dentro de mim como uma perfeita possibilidade humana, mesmo diante todo dia da frieza de São Paulo, suas ruas acinzentadas coloridas de pessoas cada dia mais molinhas e conformadas aos pequenos mouses em suas mãos.

Que inveja do homem natural.

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