A indústria das dietas nos EUA movimenta 40 bilhões de dólares por ano. Só por este motivo, deveríamos desconfiar de qualquer indicação autoritária sobre nossos hábitos à mesa que chegam prometendo a perda de 10 quilos em um mês. São centenas de livros, revistas, programas na TV, grupos, alimentos diet, light, zero, remédios fortes, fracos, naturais, chás amargos: tudo isso nos dizendo o que comer, quando e como não sentir fome. Apesar disso tudo, as pessoas estão cheia de problemas: vomitando o que comem, não comendo, se privando, sofrendo nos restaurantes, nas festas.
Esta engorda coletiva parece mais fazer parte de uma cultura do consumo excessivo do que propriamente um problema pessoal. E não há de ser resolvida com mais consumo, mais coisas externas ao nosso corpo sendo compradas para, enfim, nos trazer a felicidade na forma do corpo perfeito.
A idéia de não fazer dietas não é se empanturrar de comida. Não deveríamos intoxicar o corpo com nada, e cada uma saberia o que lhe faz mal ou bem se ouvisse o próprio corpo. Mas não, estamos ocupados demais para comer devagar, mastigar, beber água ou ir ao banheiro quando precisamos.
Por exemplo, eu sei que, para mim, carne não funciona. É simples: eu não gosto, não me sinto bem depois, e quando tento só consigo comer um quarto de bife ou uma coxinha de frango. Agora, ponha chuchu ou berinjela na minha frente: eu como quase um prato cheio. Gosto é gosto, e isso é um sinal de que meu organismo funciona melhor assim. O corpo tem uma inteligência natural, mas não damos ouvidos a ele. Se eu ouvisse meu corpo com mais freqüência, seria uma vegetariana nata.
Eu sofri anos por engordar sem parar. E sofri mais com os outros me dizendo o que fazer ou não, do que com meu próprio corpo. As dietas frustram, são uma outra pessoa, com outra vida e cultura, lhe dizendo como tomar conta da sua própria vida. Freqüentei dois destes grupos malucos nos quais pessoas despreparadas lidam com a emoção dos outros como se fôssemos uma só massa que precisa perder peso a qualquer custo. As pessoas estão obcecadas com a alimentação, e nestes grupos a obsessão é generalizada e incentivada.
Eu só fiquei melhor quando parei de fazer dietas. Eu resolvi escutar meu corpo e ele me disse na mesma hora para parar com isso. Ele também me disse que eu gostava de me movimentar, que precisava aprender a machucá-lo menos, a comer aquilo que realmente fosse me nutrir, a diminuir o álcool, parar de fumar, tomar mais chás, beber litros de água. O peso foi caindo, caindo...
O corpo tem uma tendência a ser saudável e ter um peso normal. Se respeitarmos nossa fome (que é uma coisa boa e natural), e sairmos um pouco deste consumismo todo que vivemos, certamente teremos também um peso natural.
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Como sempre, tem uns sites bem legais sobre este assunto, estão todos em inglês:
http://www.something-fishy.org/ : Uma organização que traz informações sobre a psicologia dos problemas alimentares, ajudando inclusive familiares de pessoas com problemas alimentares graves como bulimia ou anorexia.
http://www.eden.org.nz/ : É uma rede internacional de pessoas com algum distúrbio alimentar, e o foco deles é a crítica à mídia e a promoção da aceitação do próprio corpo.
http://www.about-face.org/: Uns dos meus sites favoritos, luta contra o estereótipo feminino, e mostra dicas de como podemos ajudar as meninas a aceitarem melhor seus corpos.
http://www.eskimo.com/~largesse/INDD/goals.html: Site sobre o Dia Internacional Stop Dieting! Incrível! Vocês sabiam que havia um dia assim? É dia 6 de maio.
http://www.cswd.org/: O site do Conselho sobre Discriminação devido ao peso ou tamanho.