Famiglia


Eu tenho apenas um irmão. Nossa diferença seria de apenas um ano, se não fossem tantas as outras. Temos em comum os mesmos pais, e os lugares onde moramos até meus 18 anos. Já faz oito anos que o deixei como filho único, e estou por aí, solta.

Eu não me lembro dele não existir. E da nossa infância, lembro da minha nerdice atrapalhando um pouco as brincadeiras. Eu era uma criança meio mandona, auto-suficiente e dura com ele e comigo. Lembro de brigas infinitas, minha mãe aos berros tentando nos conter, e a gente querendo se pegar de porrada. Brincadeiras de video game que eu acompanhei somente até o Mega Drive, e ele sendo sempre o que corria mais rápido, o cara boa praça e bom de bola que era sempre escolhido para jogar primeiro.

Dizem que os irmãos se constroem na oposição. Então quer dizer que muito do que sou, ou somos, é culpa um do outro. Adquirimos nossa personalidade olhando para o outro todos os dias. Então, ficamos assim: eu, séria, ele brincalhão. Eu, saí de casa cedo, ele só vai sair para casar. Eu sou socióloga; ele, engenheiro. Ele vai ser gerente aos trinta anos, eu quero ser hippie mais um pouco. Eu gosto de ler, ele queria me pagar para ler os livros e dar o resumo em voz alta mesmo. Ele quer ter conforto, eu quero viajar.

Diante de tanta coisa diferente, tem umas regras entre a gente, que eu nem sei se ele sabe que temos. A gente nunca falou do que o outro fez. Podia ser uma coisinha boba que tínhamos aprontado, ou coisa grande. A gente nunca precisou nem combinar: ninguém abria a boca, nunca. Tinha também uma coisa de generosidade, de sempre que um ou outro tinha mais dinheiro, ou tempo, ou amigos/as bonitos, cedia. Você pode me buscar agora (4 da manhã, lugar ruim?). Claro que sim. Compro dois sorvetes, um pra você, ok? Tenho um amigo perfeito para você. O cara é firmeza. As melhores lembranças que tenho da vida em comum que levávamos são essas.

Estou feliz que agora você vai se casar com uma mulher ótima que eu adoro, mas no fundo, fico triste também, porque você vai embora da nossa casa. Não importa. Família é pra sempre, como você mesmo me disse, no dia em que tatuou as iniciais minhas, da nossa mãe e nosso pai nas tuas costas, e me deixou chorando feito boba em casa.

Nariguda, não enche. Ah, magricelo, vai pro inferno.

1 comentários:

Anônimo disse...

Olá,moça!
Valeu pela visita no meu blog. Boas idéias e boas conversas são sempre bem vindas, portanto, seja bem vinda. Bj p/ vc e apareça sempre! Sall
www.blogdosall.wordpress.com

Postar um comentário