post coletivo



tá cheio de gente em mim. quem eu fui, quem eu nunca fui, quem são por mim. hoje são por mim dois ou três amigos e vozes que gostam de ouvir perto do ouvido.

quem fui não existe nunca esteve sequer fora da minha própria memória. eu construí os personagens que quis, fui quem desejaram, quem não quiseram, quem eu joguei pra dentro, engoli, comi, pus pra fora e pra dentro fora dentro fora fora em todas as direções.

e então o vazio uma coisa meio assim em mim que nunca foi quando eu vou vou hoje amanhã dia dois lá pelas três e ai de quem não ouvir assim ao pé da letra a letra assim ao pé me lembro bem eu e mais outros uns três mais que quatro não assim não termino.

tem gente fazendo ritmo em mim, desorganizando tudo, enchendo meu saco, tomando minha vida na porra das mãos. tem gente que não se move, gente que pensa porque não vive. todas estas pessoas estão embaixo da minha pele, coordenando os movimentos de meus dedos.

e a gente fica aí querendo se encontrar.

embaixo da pele aos dedos embaixo das peles não vive que gente que pensa que move que não que move não move a gente de noite esta varanda fica de ponta cabeça com a cabeça na ponta enquanto tudo dorme, a gente acorda e escreve.

* participação especial de el perro verde

4 comentários:

Rafael Calvin disse...

Cambaleante, mas altamente sublíme, é o eu-lírico, sem freios, sem as forças repressoras da linguagem e da ideologia. É uma escrita tão livre mas tão profunda, que é mesmo difícil de apreender sem fazer mais de três leituras.
Essa parte me chamou atenção:
"gente que pensa e não vive"
Concordo!

Abçs
Calvin

Anônimo disse...

É por essas e outras que tenho tanta saudade de vc!

Beijos,
Li

Anônimo disse...

...São textos como este, escrito às escuras de uma mente brilhante que nos trazem a tona um frenesi descontrolado e nos faz refletir como podemos, através de algo natural e de fácil combustão, proferir coisas tão profundas??? Que momento inefável!!!
Bjos do teu Brother!!!

Anônimo disse...

blicado

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