Pastel com sol



Sentia o sol bater em seu rosto, mas os olhos teimavam em não abrir. Seu corpo pesava pelo menos sete toneladas. Se esquecera de fechar a veneziana no dia anterior e aquela claridade ardia um pouco. Parecia que tinha sido atropelada. Forçou os olhos a abrirem, a cabeça doía um pouco. Levantou a cabeça devagar, lembrou-se das bebidas da noite anterior. Levou alguns segundos até conseguir se mexer novamente. Sentou-se na cama e percebeu que tinha alguém ao seu lado.

- Ah, o moreno bonito das bebidas e da loira.

Como era mesmo seu nome?

- Bonita bunda, pensou alto.

Na noite anterior, entediada, sentara-se num sofá no andar de cima para não falar com ninguém. Tinha passado um pouco da conta e mal conseguia acender um cigarro. O casal ao lado estava enlouquecido, se agarrando feito bicho. Do seu lugarzinho no sofá, passou a observá-los. O rapaz era alto e tinha um cabelo bem cortado. Aposto que tem boca bonita, lhe ocorreu. O rapaz engolia a moça e dela só se podiam ver uns cabelos tingidos compridos. Olhou bastante pros dois, medindo o casal. Quem seriam? Namorados? Amigos? Vai saber...Bateu o copo na mesa de centro e se jogou pra trás.

O boca bonita largou a loira por alguns instantes. Acendeu um cigarro, e serviu mais bebida. Para os três.

- Saúde, disse.
- Muito bem, respondeu. Obrigada.

E voltou para os beijos com a sem rosto. Continuou sendo observado, nossa personagem bastante interessada no relacionamento dos dois no sofá já era meio indiscreta.

- Que foi?, perguntou ele.
- Você tem uma boca bonita. E beija bonito. Tô olhando, ué.
- Quem é essa?, a loira.
- Você gostou?
- Gostei.
- Então por que não me beija?

O rapaz realmente beijava bonito demais. Beijando a morena, conseguiu um olhar bizarro da tingida, que se levantou do sofá na hora.

- Que diabos é isso? Porra, você tá pensando que eu sou o quê? Seu idiota!
- Mulher, volte aqui, tô saindo, não quero estragar tua noite não.
- Não, você fica. Teu beijo é bom! Ei, loira, volta aqui, tem pras duas!
- Vai se foder.
- Poxa, mulher, eu tava achando bonito era vocês dois se beijando. Volta pra ele.
- E você, vá a merda com ele.
- Ei!
- Quê?
- Me dá um cigarro?

A loira jogou o maço meio vazio na mesa e desceu as escadas.

- E agora? Era tua namorada?
- Não, alguém que conheci aqui.
- Puxa, desculpe.
- Sem problemas. Ainda bem que ela se foi. Gostei mais de você.
- Pra casa?
- Já.

O moreno de boca bonita chegou em casa, agarrou a moça, jogou numa das camas, broxou e dormiu. Pela manhã bem cedo, abriu os olhos e se vestiu sorrindo engraçado.

- Bom dia.
- Oi.
- Preciso ir.
- Sem problemas.
- Que é isso lá embaixo? Feira? - olhando pela janela.
- Sim, domingo.
- Vamos, te pago um pastel.

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Segue Laurita, nosso texto irmão. Histórias que começam igual sempre podem ter fins diferentes! Beijos!

Pra conferir, o texto irmão está no Migraña Loco.

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1 comentários:

migrañaloco disse...

aaahhhhhhhh!!!
adoro finais diferentes!!!
adoro como vc me faz enxergar tudo de maneiras tão diferente!!!!
beijo enorme

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