Cena 1
Tu vem ou não vem? Promessas demais as tuas. Muitas. Te esperei ontem. Hoje, de novo? Nem pensar. Venha e pronto. Ou não venha, e pronto também. Muita coisa acontece quando você não está aqui. O quê? Nada. Nunca está aqui, e ainda quer saber o que acontece? Pois viesse e saberia. Sair? Saí sim, ontem. Choveu demais. Desaguou o céu e não consegui ver a peça. Não me lembro direito sobre o que era também. Fui sozinha sim, mais ou menos. Que foi? Ué, não posso evitar de ver as pessoas na rua. Não, você não conheceu. Não falei com ele, só o vi. Sim, era ele. Como assim não falei? Só olhei. Olhamos. Aí caiu a maior chuva. Não deu tempo de falar. Romântico? É, um pouco. Se você estivesse aqui não teria sido nada bonito. Sim, ônibus às quatro horas. Te espero. Tratante.
Cena 2
Calma, ele não vai vir de novo. Tá bonito, como não? Nunca te vi usar sapatos. A peça parece que é boa sim. Disseram. Parece que hoje não chove, só está meio cinza. É, cenas assim não se repetem. Imagine, ele não vem. Veio ontem já. Para de se preocupar tanto. Olha pra mim. Me beija. Estava com saudades de você.
(...)
- É ele?
(...)
Sim. Mas você é tão mais bonito.
xxx
(Sem título)
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Mada
on 28 julho, 2009
/
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- O cara é um anarquista petit burgeoise. - enunciou como se eu entendesse alguma coisa. Eu só estava dizendo que o livro era chato, que o café era bom, e que o tempo parecia que ia mudar. Passei uma tarde inventando frases para você continuar sentado naquele sofá branco. Estava com medo danado de você me chamar para ir embora e eu ter que entrar naquele apartamento pequeno.
Guardou o livro na sacola e se levantou. Enfim, era a deixa.
- Vamos? Lá em casa faço mais café. A gente pode ouvir alguma coisa também. Chegaremos antes que chova.
O rapaz morava num lugar estranho e era preciso um molho de chaves enorme para abrir as várias portas. O velho elevador sacudia um pouco, a porta se abria num tranco.
Entramos numa sala toda marrom, uma toca de livros e coisas marrons. Alguns retratos de família, uma avó, um pai e um quadro do rosto de um homem marrom. Enquanto ele procurava a lata de pó de café, acendi um cigarro na janela.
Voltou, com uma mão tirou meu cigarro e enfiou no cinzeiro, e com a outra me segurou pelos cabelos e me deu um beijo. Um beijo esperado, meio consentido, seco, curto. Um beijo esquisito. Com as duas mãos geladas, tirou minha blusa de lã e me puxou pro sofá. Levantou minha saia e fez tudo num silêncio tão intenso que eu podia ouvir as marteladas da construção em frente enquanto ele estava em cima de mim.
Educadamente, pegou meu cigarro de volta, acendeu novamente, e me deu.
---
Deságua
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Mada
on 27 julho, 2009
Sentada no chão gelado, úmido ainda da última chuva, conversava amenidades na fila do teatro com uma amiga. A peça era de uma companhia de São Paulo, e a fila descia toda a rua, imensa. Casais, grupos de jovens novinhos, atores, músicos passavam. O tempo escuro, anunciando tempestade, criava um clima triste e gentil. Falávamos pouco e baixo.
Olhei longe, distraída. Pensei ter visto o velho carro cruzar a rua. Nosso velho carro azul. Sacudi a cabeça – bobeira. Aquele lugar tinha sido tantas vezes nosso, sempre os dois sentados naquela pedra fria, esperando. O tempo cinza, a umidade, o cheiro de mato e água, tudo aquilo junto estava me trazendo lembranças involuntárias tuas. Chuva, teatro, poesia e fantasia sempre seriam você e eu para mim.
Levanto, a fila faz menção de andar. E, neste momento, vejo teu andar conhecido subindo a rua. É você, sem dúvidas. O mesmo par de óculos, as mesmas mãos grandes e o andar de quem não tem pressa. No momento imediato que te vejo, todo meu corpo se retesa. Uma tensão delicada me invade, entrelaço meus dedos. Minha respiração fica presa e meus olhos umedecem, secam, umedecem. Você vem subindo lento e me vê. É o velho sorriso que te sobe aos lábios. Você pára no meio fio a minha frente. Teus olhos por trás das lentes me olham por dentro. Dez centímetros e muitos anos nos separam. Minha face queima penetrada por tanta história viva, revivida, ali, em dez segundos. Não falamos nada. Sorrimos. Não há nada para ser falado. Não há abraço, não há um cumprimento. Há um olhar absoluto. Uma atenção absoluta. A atenção tão reclamada pela meditação: um estar presente perfeito. Um sorrir se contendo para não ser derramado por palavras desnecessárias. Um sorrir sem dentes e sem palavras.
De repente, uma chuva imensa derruba o céu. Tanta água desaba em mim e tanto riso. Não há tempo para nada. Corro como correm todos, desordenadamente, em direção à marquise do teatro. As pessoas riem, se olham. Molhada, estranha, silenciosa, olho ao redor e te procuro. Você não está mais ali. De longe, te vejo descer a rua com calma embaixo da chuva.
Sinto meu corpo acompanhando os outros, entrando no teatro, sentando na poltrona. Já consigo ouvir a trovoada dentro de mim se transformando numa chuva fininha e bonita.
Respiro devagar: sei que é preciso ter coração ainda amanhã cedo. Aprendi com você a tomar banho de chuva e a viver pela beleza.
Tanta beleza, tanta, e é tanta até hoje, que haja força, amigo. É preciso ser forte para não se derramar.
Gente que diz
XXXIX - O Mistério das Cousas
O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Alberto Caeiro
O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Alberto Caeiro
Desperdiçando
Quando eu era adolescente me perguntavam se eu seria jornalista, advogada ou professora. Que gente sem criatividade!
Depois de adulta, já quis ser várias coisas bem mais legais, li livros melhores e conheci gente mais interessante. A mente se expande. Só a coragem continua menina boba.
Depois destas andanças aí, coloquei duas carreiras no top mind profissional pra mim. Prometo que vou trabalhar a partir de hoje, diferente. Serei, pela manhã, luthier, e a noite, sambista.
Eu adoro música, e sempre fiquei por aí às volta com violões e caixas alheios, pois não levo jeito nenhum pra tocar. Amo ouvir. Amo as estantes sempre caindo e as partituras espalhadas. Amo as lojas de instrumentos vintage. Adoro o barulho dos palcos ao andarmos neles.
Porém, nada é mais sexy, mais interessante e mais curioso do que a sala de um luthier. Aqueles pianos todos desmontados - pavor de juntá-los todos! Irão caber de volta? As guitarras serradas sem medo. Braços, cheiro de madeira, pedaços de cordas pelo chão. Martelinhos de todos os tamanhos nas bancadas. O ouvido colado na barriga do instrumento. No dia que entrei numa luthieria pela primeira vez decidi: é isso!
- Existe mulher luthier? - perguntei.
Isso aí vai bastar para metade do meu dia. Consertarei instrumentos. Lixarei a madeira. Ficarei cheia de serragem nos cabelos. Depois, vou passear nas ruas - porque as tardes possuem os minutos mais lindos do dia.
À noite, serei uma sambista porreta. Natural: daquelas que nascem com a garganta pra música e os quadris pro samba. Não existe mulher mais linda que aquela que canta samba. Terei porte de rainha e sorriso gigante, rodeada dos amigos ritmados e tranqüilos.
É isso. Está decidido. Tanto vestibular desperdiçado...vidas inteirinhas olhem só. Pra ser feliz bastava ser luthier de dia e sambista de noite.
Reencontros II
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Mada
on 22 julho, 2009
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encontros,
relacionamento
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Quando começamos um relacionamento, estamos sempre de olho na pessoa a nossa frente. Ele é sempre o mais interessante homem do mundo. Quase nunca pensamos que junto com ele, outras pessoas estão incluídas na relação. Amigos, avós, parentes, pais, filhos, irmãos, amigos do futebol, passado e futuro.
Eu sempre ganhei novas famílias. Ganhei avós. Novas mães postiças, sobrinhos, cunhados crianças, sogras tristes, alegres, religiosas, descrentes, malucas, pais separados, juntos, tias que eram quase mães, afilhados.
Ultimamente, ando num momento feliz de reencontros. Hoje, revi os queridos Antonio e Íris, primeiros sogros que tive e por mais tempo. Que felicidade tive ao rever vocês! Meu coração apertou e segurei pra não chorar.
Quando cheguei na casa deles, em 1997, era uma menina difícil de apenas 16 anos. Saí de lá uma quase mulher, quatro anos mais tarde, mais tolerante, mais amorosa, mais humana, mais musical. Eu tão diferente, e tão aceita. Adorava o brigadeirão de chocolate dela, uma mulher sempre cantando. E adorava discutir política com meu sogro. Conversávamos naquela mesa de madeira por horas, lendo os jornais espalhados. Ele conhecia a Bíblia como ninguém e eu, dentro do meu ateísmo, tinha as melhores conversas sobre religião.
Quantas mil vezes me levou em casa, Seu Antonio? Quando terminamos nosso relacionamento, eu e seu filho tínhamos resolvido tudo. Porém, o que fazer com vocês? A gente sabe que é hora de deixar todos pra trás, mas é tão complicado e tão injusto.
Fui visitá-los, sozinha, pela primeira vez. Sua casa não era mais a mesma, mas vocês ainda estavam lá. Entrei, conversamos. Ao sair, você pediu pra me levar. Entrei em silêncio, uma tristeza de doer os dentes.
No meio do caminho, você parou o carro, me abraçou e chorou.
Eu sempre ganhei novas famílias. Ganhei avós. Novas mães postiças, sobrinhos, cunhados crianças, sogras tristes, alegres, religiosas, descrentes, malucas, pais separados, juntos, tias que eram quase mães, afilhados.
Ultimamente, ando num momento feliz de reencontros. Hoje, revi os queridos Antonio e Íris, primeiros sogros que tive e por mais tempo. Que felicidade tive ao rever vocês! Meu coração apertou e segurei pra não chorar.
Quando cheguei na casa deles, em 1997, era uma menina difícil de apenas 16 anos. Saí de lá uma quase mulher, quatro anos mais tarde, mais tolerante, mais amorosa, mais humana, mais musical. Eu tão diferente, e tão aceita. Adorava o brigadeirão de chocolate dela, uma mulher sempre cantando. E adorava discutir política com meu sogro. Conversávamos naquela mesa de madeira por horas, lendo os jornais espalhados. Ele conhecia a Bíblia como ninguém e eu, dentro do meu ateísmo, tinha as melhores conversas sobre religião.
Quantas mil vezes me levou em casa, Seu Antonio? Quando terminamos nosso relacionamento, eu e seu filho tínhamos resolvido tudo. Porém, o que fazer com vocês? A gente sabe que é hora de deixar todos pra trás, mas é tão complicado e tão injusto.
Fui visitá-los, sozinha, pela primeira vez. Sua casa não era mais a mesma, mas vocês ainda estavam lá. Entrei, conversamos. Ao sair, você pediu pra me levar. Entrei em silêncio, uma tristeza de doer os dentes.
No meio do caminho, você parou o carro, me abraçou e chorou.
Velho poeta novo
Tenho amigos literários, graças. Não literatos, daqueles chatos que ficam discutindo a influência de Homero em Shakespeare. Ora, vão ler Homero e Shakespeare e fiquem quietos. Detesto discussões literárias, e tenho pavor de pessoas que, ao saber que gosto de ler, se põe a "discutir" literatura comigo. Eu não leio autores, eu me inundo de palavras e mundos novos. Para mim, melhor é o autor que mais me assusta. Ou encanta. Ou faz algo que nunca vi, torce as palavras, me mostra imagens que nunca vi ou vivi. Lêem o mundo de uma forma que nunca aprendi a ler.
Tenho tanta dificuldade em lembrar nomes de livros e de autores quanto tenho de lembrar o rosto de pessoas com quem dancei. Eu me lembro fortemente da sensação de trincheira, de gente entocada, uma sensação de medo e brevidade da vida - que senti ao ler Grande Sertão. Mais que isso, me lembro da exposição que fui e dos potes de água com palavras reviradas no fundo. Agora, vamos discutir se o Rosa merece um Nobel? Ora...Sartre recusou o Nobel. Isso sim é poesia.
Os livros são para serem lidos. A única coisa que me permito comentar sobre eles é sua beleza ou feiúra. Por exemplo, gostei muito de Hemingway e de Fitzgerald; porém, é preciso lê-los juntos, vários livros intercalados, um e outro, um e outro, e nos intervalos assistir um documentário sobre a construção do Empire State, homens-operários em preto e branco se balançando nas estruturas. Mal me recordo dos nomes das obras mas...quanta beleza!
Hoje estou feliz porque li pela primeira vez Mário Quintana.
Eu fico pensativa em manhãs frias e cinzas. A mente amanhece vazia - sou uma pessoa das manhãs ensolaradas, facilmente influenciada pelos tons do céu. Agora, meu pensamento é delicado e bonito, graças ao velho novo poeta que descobri.
Foi diante deste pequeno texto que este aqui, maiorzinho, surgiu.
Bilo-Bilo
O idiota estilo bilo-bilo com que os adultos se dirigem às crianças, isso deve chateá-las enormemente, como a um poeta quando abordado com assuntos "poéticos".
----------------------------------
* Cuidado com a internet...têm muitos textos voando por aí que não são do Quintana e estão assinadas com o nome do gaúcho.
Sites confiáveis:
Homenagem do Governo do RS a Quintana
Releituras - Quintana
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Melhorando
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Mada
on 17 julho, 2009
/
Comments: (2)
Uma vez menti dizendo que sabia cuidar de crianças. A mulher, desesperada, deixou três comigo. Uma tinha quatro anos, a outra dois e a última ruivinha quatro meses. Em uma semana eu sabia brincar de Barbie e fazer boneco de neve, cantava músicas e inventava coreografias no meio da sala, lia história no banheiro tentando convencer alguém a deixar as fraldas, todo dia, por uma hora inteira sentada no chão (e eram somente dois livros de dez páginas que ela queria ouvir). Sabia fazer os peixes de plástico nadar na banheira, e dar banho em bebê na pia. Tudo isso é instinto e um pouco de jeito de matrona italiana que herdei dos parentes.
O que achei meio esquisito foi o que aconteceu depois. Sozinha com elas, eu me sentia a pessoa mais responsável, maior, mais alta, imensa, mais esperta, mais rápida, mais cuidadosa. Eu criei mil olhos novos. Lembrei de músicas infinitas e tantas histórias que não cabiam aqui. Eu não sabia que ter crianças por perto fazia a gente ser uma pessoa melhor. Eu não sabia que era possível amar tanto coisas tão pequenas.
Com elas, aprendi que se a reunião em família está insuportável, procurar a criança por perto costuma funcionar como analgésico pra chatice dos adultos. Sempre há diálogo dos bons com os pequenos, corridas e brincadeiras muito mais interessantes que a nova crise no Senado. Em minha família quase não temos crianças - temos uma! Nos EUA. E assim nunca convivi com elas direito.
Enfim, há pouco tempo minhas amigas mais próximas começaram a ter seus filhos. Tentava me adaptar a nova realidade dos assuntos, às lojas de bebês, aos chás de bebês, ao fim das nossas saídas. Eu sempre tive medo da gravidez e as olhava, olhava... apavorada. Não estava muito confortável com tantas mudanças.
Um dia, grande amiga em casa, barriga imensa no meu sofá. Eu olhando pus a mão. Miguel me deu um chute forte. Comecei a chorar feito besta: não é que tinha uma pessoa ali dentro que eu nem tinha visto e já amava?
Não vejo a hora de ter mais crianças por perto. Ser tia é tudo de bom.
--------------------------
* Dedicado às amigas que já são mães, e me deram de presente pessoas impossíveis de não amar.
* Na montagem, primo Lucas (da Lili), Miguel e Maria Rita (da Fabi), e Kaká (da Lã).
Análise gratuita no MSN
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Mada
on 16 julho, 2009
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análise,
relacionamento
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- Vc é igual poodle.
- Eu sou é?
- Tá lá, todo bonitinho e simpático... hora q vc começa a fazer muito carinho, te dá uma dentada e sai andando.
- Pra que psicólogo, se tenho vc?
- Sério, e acho q nem é q vc morde pq enjoa do carinho, é q vc gosta mesmo é da mordida
- De onde vc tirar estas coisas?
- Interpretação não-científica. Não vem me perguntar onde eu pesquisei.
FLIP - PARATI PARA TODOS
Postado por
Mada
on 15 julho, 2009
/
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Não ligo muito pra FLIP, mesmo porque ler os caras ainda é melhor que vê-los (fora o Chico, que eu já vi cantando - bem melhor). Mas lendo este post aqui, de um colega de blog, realmente dá pra sentir o clima estranho da festa.
Eles são poetas, vivem da venda de seus livros nas ruas, de mão em mão, e foram autuados e tiveram seus livros apreendidos em PLENA FEIRA LITERÁRIA. É mole?
Vejam:
FLIP PARA TODOS
Eles são poetas, vivem da venda de seus livros nas ruas, de mão em mão, e foram autuados e tiveram seus livros apreendidos em PLENA FEIRA LITERÁRIA. É mole?
Vejam:
FLIP PARA TODOS
"Trair é partir para o desconhecido." - M. K.
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Mada
on 14 julho, 2009
Marcadores:
amor,
relacionamento,
traição
/
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Eu não tenho muitas amigas mulheres, e os homens não costumam reclamar de traição. Então poucas vezes tive contato com este universo, que realmente me parece ser de um drama ímpar.
Eu fui sim, traída. O engraçado é que digo na maior naturalidade: eu nem sei o que é isso. Falei da minha péssima memória no post passado, mas não é este o caso. É que a traição nos casos que as vivi foi tão justificável, que hoje olhando até acho graça, ou até acho romântico e bonito. Nenhuma foi sacanagem, nenhuma foi boba. Foram traições justificáveis e esperadas.
Uma vez, depois de tantos anos juntos, nos separamos alguns mil quilômetros. A distância mata o amor: faz falta o estar perto. Os olhos fazem falta. Eu sabia e esperamos ambos pelo fim. Ele veio de uma forma poética, densa, bonita e fria das montanhas de Minas. Tinha nome de música do Jobim, tinha cartas jogadas no chão, tinha choro, tinha amor, tinha música e tinha uma nova paixão. Justa. Bonita. Verdadeira. Segui meu caminho em paz.
O outro era drama de novela. Tinha uma relação que nunca acabava, mesmo já estando acabada mil vezes. E teve uma aluna minha, bonita e inteligente, que apresentei ao namorado. Ela me adorava. E adorou ele também. Era excelente, curiosa, alegre. Já no colo dele, foi tapa pra tudo que é lado. Mexicano. Novelesco. Fizemos as pazes em seguida, pois o casal realmente era ótimo junto. Enfim, meu problema agora era dela.
Conheço pessoas que já sofreram demais por traição. Por isso, não consigo achar sempre romântica. Respeito é bom. Respeitar o outro e a sua própria vontade também. Quer trair, some. Ser solteiro é bom, mas ser bem casado também.
Eu fui sim, traída. O engraçado é que digo na maior naturalidade: eu nem sei o que é isso. Falei da minha péssima memória no post passado, mas não é este o caso. É que a traição nos casos que as vivi foi tão justificável, que hoje olhando até acho graça, ou até acho romântico e bonito. Nenhuma foi sacanagem, nenhuma foi boba. Foram traições justificáveis e esperadas.
Uma vez, depois de tantos anos juntos, nos separamos alguns mil quilômetros. A distância mata o amor: faz falta o estar perto. Os olhos fazem falta. Eu sabia e esperamos ambos pelo fim. Ele veio de uma forma poética, densa, bonita e fria das montanhas de Minas. Tinha nome de música do Jobim, tinha cartas jogadas no chão, tinha choro, tinha amor, tinha música e tinha uma nova paixão. Justa. Bonita. Verdadeira. Segui meu caminho em paz.
O outro era drama de novela. Tinha uma relação que nunca acabava, mesmo já estando acabada mil vezes. E teve uma aluna minha, bonita e inteligente, que apresentei ao namorado. Ela me adorava. E adorou ele também. Era excelente, curiosa, alegre. Já no colo dele, foi tapa pra tudo que é lado. Mexicano. Novelesco. Fizemos as pazes em seguida, pois o casal realmente era ótimo junto. Enfim, meu problema agora era dela.
Conheço pessoas que já sofreram demais por traição. Por isso, não consigo achar sempre romântica. Respeito é bom. Respeitar o outro e a sua própria vontade também. Quer trair, some. Ser solteiro é bom, mas ser bem casado também.
Desligando
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Mada
on 13 julho, 2009
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Comments: (0)
A memória é coisa dos diabos. Eu herdei a falta dela de família. Meu pai sempre diz que não consegue lembrar de nada da vida dele, nem da de ninguém. Eu, parecida, não aprendo com os erros, não decoro nada, não lembro de coisas ruins e lembro pouco das boas, além de ter a mania constrangedora de esquecer rostos e nomes. Mil vezes me apresento ou cumprimento a mesma pessoa.
Eu vivo sempre em algum lugar distante, passado ou futuro, sem jamais focar no presente. Nunca temo o presente ou presto atenção nele.
Talvez por isso esta necessidade de viver a mil por hora, de imprimir marcas fortes em mim, e contar, contar, contar tantas histórias. Através de tanta intensidade, eu estou tentando é não deixar a minha própria existência deixar de existir.
Hoje voltei a ler Proust e sua obra prima: é simplesmente a coisa mais perfeita que já toquei os olhos literários. Cada linha merece cinco minutos de pausa. Leio poucas páginas, volto dez frases atrás várias vezes. É somente na literatura que me sinto mergulhada no presente.
Eu vivo sempre em algum lugar distante, passado ou futuro, sem jamais focar no presente. Nunca temo o presente ou presto atenção nele.
Talvez por isso esta necessidade de viver a mil por hora, de imprimir marcas fortes em mim, e contar, contar, contar tantas histórias. Através de tanta intensidade, eu estou tentando é não deixar a minha própria existência deixar de existir.
Hoje voltei a ler Proust e sua obra prima: é simplesmente a coisa mais perfeita que já toquei os olhos literários. Cada linha merece cinco minutos de pausa. Leio poucas páginas, volto dez frases atrás várias vezes. É somente na literatura que me sinto mergulhada no presente.
Twwiter
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Mada
/
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Homens: mini manual para entender estas incríveis criaturas
Postado por
Mada
on 10 julho, 2009
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Comments: (6)
Criada sempre perto de rapazes e meninos, acabei achando que os homens são criaturas mais simples que a gente. Ao menos, parecem. Se a bunda é bonita, que mal olhar? Obama e Sarkózy que o digam. São animais de caça, como os cães, simples e bons. Fiéis, não às mulheres, mas aos próprios instintos. Divertem-se mais e parecem ter menos culpa que nós.
Agradar um homem é coisa fácil. Não é preciso enrolar ninguém, mentir pra agradar, pagar jantares. Podemos ser bastante diretas, com poucas chances de ouvir um não. Agora pense em agradar uma mulher... meus amigos homens só apanham. Nós meninas somos retratadas por tantos clichês bobos, que os homens ficam perdidos diante de tantas "dicas infalíveis".
Muita mulher se irrita porque sou a única mulher a defendê-los. Defendo os homens e sua simplicidade em relação ao amor e sexo. Entendo por que não ligam no dia seguinte. Entendo por que dormem conosco e somem. Entendo quando se apaixonam e têm que abrir mão desta liberdade boa. Não os recrimino. Estão sendo verdadeiros, ao menos consigo mesmos. Esta forma minha de pensar acaba abrindo brechas para muitos amigos me dizerem a verdade. Assim, fico conhecendo tantos homens incríveis, lindos, educados, com lindíssimas namoradas, levam o cão da sogra no veterinário, têm filhinhos fofos e saem chorando na foto da maternidade... e são os mais putanheiros do mundo. Nada contraditório. Tudo se arranjando e posando de bonitos maridos e namorados. A mulher feliz, a outra feliz, o cara feliz. O mundo girando.
Não que nunca tenha sido sacaneada. A diferença é que eu não espero nada porque não tenho grandes fantasias de relacionamento. Acredito no amor, já amei muito (muito profundamente, não muitas vezes), já fui muito respeitada também. Porém, sei que não é esperando nada de ninguém que atrairemos pessoas decentes pras nossas vidas. Não é a fantasia que vai trazer pessoas boas para nossa convivência, mas talvez a sorte.
Jornalirismo
Postado por
Mada
on 09 julho, 2009
/
Comments: (1)
O pessoal do Jornalirismo publicou mais um texto meu no site deles. Obrigada, Wellington, pelo super apoio. Adoro estar lá com vocês.
Vai lá: JORNALIRISMO-LITERATURA
PS: Obrigada também pelos comentários ótimos do último texto. Ter família e amigos é tudo!
Vai lá: JORNALIRISMO-LITERATURA
PS: Obrigada também pelos comentários ótimos do último texto. Ter família e amigos é tudo!
Vc é H ou M? Quer tc?
Postado por
Mada
on 08 julho, 2009
/
Comments: (3)
Da nossa ultraexposição no mundo da internet todos já falaram demais. Estamos completamente conectados e expostos. Tentem procurar a si mesmos: a gente acha quase tudo que precisa saber. E também lê coisas que não precisava e que enchem qualquer paciência.
Toda vez que conhecemos alguém novo toca fuçar no Google, orkut, Twitter...Dá pra ver os dez mil recados de mulheres bonitas para um cara galinha que distribui alegria ao povo, dá pra saber se estão prestando concursos públicos, se já moraram fora do Brasil, se gostam de animais de estimação, e se realmente ouvem AC/DC.
Mas a pior exposição que conheço é a da paixão. Vocês se conhecem num domingo. Ele te dá o MSN e o orkut. Telefone, talvez. Te manda um SMS apaixonadinho de madrugada. Segunda-feira começam a trocar mensagens bobas. Primeiro por depoimento - vai que ele não gosta da exposição. Depois, mais solta, deixa mil recadinhos fofos no orkut dele demarcando território feito bicho.
Quando o namoro começa, muda teu perfil e coloca uma foto linda do casal apaixonado, de preferência em preto e branco. Pedaços de mãos e rostos entrelaçados. Parece que o amor tem que declarar sua existência para além da tua realidade e da dele, a dos amigos, dos parentes. Tem que acontecer na Internet! Se o amor não existir virtualmente, não deixar marcas no Twitter, não arrebentar tua caixa de mensagens com fotos de beijos mandados de longe aí o amor não parece real. Nem pra você. Você se convence enquanto convence os outros.
Agora, irritante é quando vocês dois terminam. Na vida real, dois minutos, adeus, não te amo mais, você saiu com minha prima seu FDP. Aí toca correr para eliminar o amor virtual e seus rastros. Primeiro, tira a mensagem "casado" que havia colocado no orkut. No lugar, não deixa nada (magoado) ou coloca logo "solteiro" (querendo sair pra balada - ou parecer que vai sair). Arranca pastas inteiras do álbum, fotos que haviam tirado na praia, piscina, na rede, com o cachorro, na cama, se beijando no pôr-do-sol. No MSN então...eu sofro com as mensagens de dor alheia. "Melhor só que mal acompanhado" - é a preferida dos recém-solteiros. E nós ficamos sabendo de todas as etapas da raiva amorosa.
Depois destas coisas mais básicas, é bom também procurar umas comunidades para expressar sua raiva. "Ex bom é ex morto". "Já amei e fui magoado". "Quem ama não trai". "Solteiros bons de cama". Enfim, a batalha do amor terminado continua no mundo virtual por mais um bom tempo. Até o próximo amor...encontrado numa sala de chat da madrugada: Solteiros 25-35.
Quer tc?
Histórias - fragmentos amorosos
Postado por
Mada
on 05 julho, 2009
/
Comments: (3)
Manu nunca tinha namorado. Um dia, sentiu que era hora de se libertar. Deixou de alisar o cabelo, pôs um batonzão rosa e resolveu sair pra dançar sozinha. A noite inteira pulando. Do outro lado da pista, um rapaz bebia quieto. Sem pensar muito, arrastou as sandálias até ele e falou com sotaque nordestino forte - Tu vai sair comigo hoje ou agora? E lá se vão seis anos bem grudados.
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Nando conheceu Maria numa reunião de partido. Ela tinha uma risada indecente de alta. Ele, sem ter onde dormir naquela noite paulistana, pediu abrigo da militância: "questão de ordem". Ela ofereceu o sofá da casa. Ele acordou cedo pra fazer café. Já faz uns cinco anos que eles dividem o sofá, a cama, a casa, a panfletagem...
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Laura chorou todos os meses de férias da escola, quando seu namorado de longos anos anunciou que engravidara outra mulher e teria que se casar com ela. Medrosa ainda, chegou atrasada no primeiro dia de aula depois do fim de ano fatídico. Entrou na sala com os cadernos nas mãos, pedindo licença ao professor. Ouviu então um assovio ridículo: um garoto, muito mais novo e completamente sem noção estava mexendo com ela na frente de todo mundo. Todos caíram na risada. - Que idiota completo! - pensou. Onze meses mais tarde, entravam na igreja de branco e azul marinho. De longe, ela o vê no altar de terno, bonito... mas de meias brancas!
- Que diabos, que meias são essas?
- Michael!
Ainda ontem, trinta anos depois, eu o vi matando ela de vergonha enquanto imitava o cantor no meio de uma quermesse.
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Sonia nasceu em fazenda, cidade bem pequena. Bem cedo, saiu sozinha para enfrentar a vida em São Paulo. Um dia, feriado, visitando os pais no interior, foi a um baile. No meio de tantos conhecidos, um cabeludo, baixinho de enormes bigodes olhava sem parar. Conversaram. Dançaram. Foram saber que ele era seu vizinho na cidade grande e passava férias ali a convite de um conhecido. Eles têm o casamento mais bonito que conheço, e há quase quarenta anos dançam no mesmo baile, igual ao dia que se conheceram.
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Uma homenagem a todos aqueles que ainda acreditam no amor e aqueles de quem emprestei suas histórias para este post. Você tem boas histórias? Me conta.
Reencontros
Postado por
Mada
/
Comments: (1)
Eu não me lembro da minha primeira mudança. Eu tinha 4 anos e uma mãe e pai aventureiros. Nós, mais um irmão de colo, em 72 degraus para chegar até o quarto andar chegamos onde eu passaria toda a minha infância.
Das memórias mais consistentes que tenho daquela época, brincadeiras e amigos.
Ser criança de prédio não tem nada de ruim. Ao menos, no meu não tinha. Éramos um grupo imenso de meninos e meninas gritando nomes nas janelas, tocando a campainha dos outros e correndo para todo lado, se pendurando em bicicletas, patins, caindo, se machucando, quebrando braços e dedos, brincando na areia, escorregando na grama, e correndo, correndo, correndo.
Tinha o velhinho implicante que no fundo adorava a gente. Ele construiu um banco de madeira para os vizinhos olharem a rua e conversarem. Sua mulher também bem velhinha tinha um jardim de rosas só dela - e nos deixava pegar uma flor somente uma vez por ano, no dia de Nossa Senhora Aparecida, para entregar na igreja.
- Ca-cá!
- Tô descendo!
Uma vez, brincando de esconder, corri atrás de uma rampa e não vi um cano. Arrebentei ele com as costas. A água jorrou. Voou em cima de mim muito forte mesmo, me jogando pro chão. Encharcada, fui chamar o zelador chorando. Éramos muitos e muitas as confusões também.
Tinha pequenos grandes amigos. As lembranças mais forte que tenho são cinco deles: Helô, Lã, Sil, Danilo e Caio. Com as duas primeiras, nunca perdi o contato. A terceira, reencontrei este mês passado, quando comecei uma busca pelos meninos e acabei achando a Sil. Os dois últimos, reencontrei hoje.
Todas as brincadeiras do mundo cabiam ali naquele prédio, e toda minha memória afetiva ainda cabe.
Hoje é um dia feliz, porque quando reencontramos nosso próprio passado, é como se olhar num espelho e ele te dizer: menina, você cresceu.
Graduações
Postado por
Mada
on 02 julho, 2009
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Lendo hoje o post do Rubens Paiva sobre o diploma dele pendurado em cima da privada, me identifiquei à beça. Quem já não teve vontade jogar o seu pela janela?
Quando tinha uns 10 anos eu já sabia muito bem o que queria fazer: eu queria ser paga para ler. Precisa fazer faculdade para isso?
E lá fui eu prestar vestibular para Jornalismo. Eu, que não ligava tanto assim para o jornal, a não ser a parte das histórias em quadrinhos, no fim do ano enrolei a prova toda, e não passei. Satisfeita, voltei a estudar.
No próximo ano decidi que era Letras o que mais tinha a ver comigo. Estudei tranqüila. Como já contei aqui, no final do ano, uns contratempos me levaram a preencher minhas fichas com Ciências Sociais e Administração Pública. Acabei passando na grande tríade paulista: USP, Unesp e Unicamp, para alegria geral da família, que não teria que pagar o curso. Fui para a Unicamp por uma questão qualquer.
Não digo que não foram bons tempos. Uma faculdade grande e respeitada tem algumas vantagens interessantes. O movimento estudantil é uma delas. Você aprende um pouco ali, aprende com as greves. Os alunos, bastante parecidos com você, te fazem sentir menos estranho no mundo. Lembro da facilidade que era conversar sem precisar explicar muito. Nossas esquisitices eram bem semelhantes. Não tenho amigos da faculdade cujo local preferido não seja uma livraria.
Dos 24 professores que devo ter tido, guardo 5 com excelente consideração e memória. São pessoas brilhantes, disponíveis, que sabem atear fogo intelectual em nós, provocando uma corrida à biblioteca pós-aula.
Para ser socióloga, afinal, não precisava ter freqüentado uma universidade. Bastava ter lido muito, discutido muito, ter tido ótimos companheiros de discussão, e acesso à 200 mil volumes, como tínhamos em nosso Instituto.
Meu diploma serviu sim para algumas coisas: encontrei excelente amigos e conheci maravilhosas bibliotecas. Namorei muito, fui a muitos shows, consegui uma bolsa gratuita para estudar no Canadá.
Em 2005, mais maluca que nunca, passei na USP em Letras, com tanto atraso! Larguei o curso em seis meses...nunca mais alguém ia me dizer como ler as coisas.
Zap!
Postado por
Mada
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Tem dia que a gente tem vontade enfiar a cabeça no pote de manteiga e ficar lá. Respiração presa, cabelo engordurado. Um enorme pote, dez quilos da mais densa manteiga. Um silêncio amarelo imenso.
Nadar numa piscina de molho de macarrão também é vontade recorrente. Eu nado bem direitinho. De costas, então, seria uma lindeza vermelha, as pernas compridas e brancas pra fora, espirrando molho. Eu rindo de mim.
Tem dias que mais um dia sentada no sofá zapeando os cem canais estúpidos e falantes falando coisas demais em tempo recorde me faz ter vontade vomitar, enfiar a cabeça no pote, nadar no macarrão. Delírios zapeantes.
Nadar numa piscina de molho de macarrão também é vontade recorrente. Eu nado bem direitinho. De costas, então, seria uma lindeza vermelha, as pernas compridas e brancas pra fora, espirrando molho. Eu rindo de mim.
Tem dias que mais um dia sentada no sofá zapeando os cem canais estúpidos e falantes falando coisas demais em tempo recorde me faz ter vontade vomitar, enfiar a cabeça no pote, nadar no macarrão. Delírios zapeantes.