Graduações



Lendo hoje o post do Rubens Paiva sobre o diploma dele pendurado em cima da privada, me identifiquei à beça. Quem já não teve vontade jogar o seu pela janela?

Quando tinha uns 10 anos eu já sabia muito bem o que queria fazer: eu queria ser paga para ler. Precisa fazer faculdade para isso?

E lá fui eu prestar vestibular para Jornalismo. Eu, que não ligava tanto assim para o jornal, a não ser a parte das histórias em quadrinhos, no fim do ano enrolei a prova toda, e não passei. Satisfeita, voltei a estudar.

No próximo ano decidi que era Letras o que mais tinha a ver comigo. Estudei tranqüila. Como já contei aqui, no final do ano, uns contratempos me levaram a preencher minhas fichas com Ciências Sociais e Administração Pública. Acabei passando na grande tríade paulista: USP, Unesp e Unicamp, para alegria geral da família, que não teria que pagar o curso. Fui para a Unicamp por uma questão qualquer.

Não digo que não foram bons tempos. Uma faculdade grande e respeitada tem algumas vantagens interessantes. O movimento estudantil é uma delas. Você aprende um pouco ali, aprende com as greves. Os alunos, bastante parecidos com você, te fazem sentir menos estranho no mundo. Lembro da facilidade que era conversar sem precisar explicar muito. Nossas esquisitices eram bem semelhantes. Não tenho amigos da faculdade cujo local preferido não seja uma livraria.

Dos 24 professores que devo ter tido, guardo 5 com excelente consideração e memória. São pessoas brilhantes, disponíveis, que sabem atear fogo intelectual em nós, provocando uma corrida à biblioteca pós-aula.

Para ser socióloga, afinal, não precisava ter freqüentado uma universidade. Bastava ter lido muito, discutido muito, ter tido ótimos companheiros de discussão, e acesso à 200 mil volumes, como tínhamos em nosso Instituto.

Meu diploma serviu sim para algumas coisas: encontrei excelente amigos e conheci maravilhosas bibliotecas. Namorei muito, fui a muitos shows, consegui uma bolsa gratuita para estudar no Canadá.

Em 2005, mais maluca que nunca, passei na USP em Letras, com tanto atraso! Larguei o curso em seis meses...nunca mais alguém ia me dizer como ler as coisas.

3 comentários:

Identidades Fragmentadas disse...

Hey, me lembro bem da época em que passou na USP, rs!
Interessante a sua alegria, e então em seis meses a grande decepção por ter ido para lá estudar. E eu achava que iria sair de lá super feliz. Ledo engano!

Anônimo disse...

Entendo você.Aos 18 tentei jornalismo na UFMG. Aos 20 psicologia na PUCMG e aos 26 letras na FAFIBH. Hoje aos 41 anos, encontro-me bem "perdidaça". Sem eira nem beira, dando umas aulinhas aqui, outras acolá.
Mas vejo que você tem raízes. Sabe o que faz. Eu fiz sem saber.
P.S. Reencontrar o passado é sempre perigoso, mas fascinante.
Vou passar a acompanhar seu blog.
Abraços e queijos,
Patrícia

ma disse...

Também resolvi fazer letras agora, vamos ver até quando aguento, hehe...
O blog está muito legal, parabéns!

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