Desperdiçando



Quando eu era adolescente me perguntavam se eu seria jornalista, advogada ou professora. Que gente sem criatividade!

Depois de adulta, já quis ser várias coisas bem mais legais, li livros melhores e conheci gente mais interessante. A mente se expande. Só a coragem continua menina boba.

Depois destas andanças aí, coloquei duas carreiras no top mind profissional pra mim. Prometo que vou trabalhar a partir de hoje, diferente. Serei, pela manhã, luthier, e a noite, sambista.

Eu adoro música, e sempre fiquei por aí às volta com violões e caixas alheios, pois não levo jeito nenhum pra tocar. Amo ouvir. Amo as estantes sempre caindo e as partituras espalhadas. Amo as lojas de instrumentos vintage. Adoro o barulho dos palcos ao andarmos neles.

Porém, nada é mais sexy, mais interessante e mais curioso do que a sala de um luthier. Aqueles pianos todos desmontados - pavor de juntá-los todos! Irão caber de volta? As guitarras serradas sem medo. Braços, cheiro de madeira, pedaços de cordas pelo chão. Martelinhos de todos os tamanhos nas bancadas. O ouvido colado na barriga do instrumento. No dia que entrei numa luthieria pela primeira vez decidi: é isso!

- Existe mulher luthier? - perguntei.

Isso aí vai bastar para metade do meu dia. Consertarei instrumentos. Lixarei a madeira. Ficarei cheia de serragem nos cabelos. Depois, vou passear nas ruas - porque as tardes possuem os minutos mais lindos do dia.

À noite, serei uma sambista porreta. Natural: daquelas que nascem com a garganta pra música e os quadris pro samba. Não existe mulher mais linda que aquela que canta samba. Terei porte de rainha e sorriso gigante, rodeada dos amigos ritmados e tranqüilos.

É isso. Está decidido. Tanto vestibular desperdiçado...vidas inteirinhas olhem só. Pra ser feliz bastava ser luthier de dia e sambista de noite.

3 comentários:

André disse...

Sim, existe mulher luthier!!!

http://www.manzer.com

Anônimo disse...

Posso trabalhar com você?? Adorei a idéia!
Li

Anônimo disse...

Uma sambista linda, de olhos verdes, pele bem clarinha eu iria gostar de ver! Até entrava no seu jingado...
meu beijo, Di Carza

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