Naturalmente vegetarianos



Meu primeiro animal de estimação não foi um cachorro, foi uma galinha. Morando na curva do mundo, periferia de cidade do interior, ganhei um pintinho de algum simpatizante. Esta aí em cima é a Gripina, a galinha que espirrava, e a loirinha sou eu com uns 2 anos. Um dia, sem comida para as crianças e sem ter onde comprar, as mãos de minha mãe destroncaram o pescocinho da Pina. Eu, com a asinha na boca, ainda perguntava: Mãe, cadê a Pina? Fugiu, filha, fugiu.

O primeiro semi-vegetariano que me lembro ter conhecido foi meu irmão. Bebê ainda, só mamando no peito, era hora de começar a introduzir sopas na sua alimentação. Mandioquinha, cenoura, vagem. Tudo certo. O problema foi quando nossa mãe resolveu colocar carne em sua comida. Ele berrava até se acabar. Não comia mais. Os médicos preocupados...foi só tirar a carne e ele voltou a comer tudo.

Durante nossa infância, sempre teve sua comida separada. Ele tinha horror à asa do frango, ao pescoço, suas coxas, cabeça, pés. Minha família ainda por cima criava as galinhas. Ou seja, o cheiro de pena queimada na casa sempre foi pra ele o gosto do frango. Ele tinha tanta aflição que algumas vezes chegava a sair da mesa. Camarão ou peixe então...ele era capaz de sair da casa!

Porém, com o passar dos anos, sua restrição alimentar só aumentou. Passou a comer somente ovos (somente as claras), e batata. Legumes: nenhum. E a indústria alimentícia conseguiu enganá-lo! Carne, só se fosse bem disfarçada, em forma de bolinhos, nuggets, hambúrgers. Ele, um vegetariano natural, se rendeu à carne fabricada.

Aos 20 anos, tive um namorado recém-convertido. Ele literalmente carregava seus legumes por aí, e fazia pratos com soja e azeite que eram uma delícia. Minha mãe nunca esquece que graça era ele deixando a sacola de feira em cima da mesa: Pode deixar, minha comida eu cozinho. Não se preocupe comigo. Por causa dele, conheci os eventos vegan, a cozinha vegetariana, e li algumas coisas. Creio que nunca mais voltou a comer carne.

Quanto a mim, nunca gostei nem desgostei. Porém, se tivesse prestado atenção ao meu corpo, teria visto que também era uma vegetariana natural. Eu simplesmente não tenho vontade comer carne alguma. No entanto, polenta de milho verde é a melhor coisa do mundo. Mini tomates italianos. Aspargo. Vagem bem fresquinha. Alfaces de várias cores criados na água.

Há algum tempo, impressionada, li muitas coisas sobre a produção de alimentos, a agricultura orgânica, a exploração do trabalho no campo, a quantidade de veneno e falsidade que estão presentes naquilo que comemos. Comemos placebos, não alimentos. Passei a ter aflição do frango, do açúcar, das caixas congeladas de comida.

Temos uma chacarazinha, e de lá vêm comidas sem venenos. O gosto é muito melhor, mas os bichos também acham isso. Ainda desconheço solução para comer uma goiaba em paz, ou fazer os tomates sobrarem para nós também.

Meu corpo pede o fim de sua exploração. Ele quer trabalhar calmo e ter paz. Este é um dos motivos meio inconscientes que me fazem, aos poucos, eliminar tudo que precisou ser morto para chegar na minha mesa.

A Gripina ia poder morrer de velhice agora.

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Alguns sites legais para quem se interessa:

Vegetarianismo
Slow Food Brasil
Vegan

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E filmes para baixar:

A carne é fraca - BR
Our daily bread

1 comentários:

Rachel Souza disse...

Ah mas um bifinho bem temperado tem seu valor.rs
Beijo!

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